Na passada Sexta-feira, dia 19, Solenidade do Sagrado
Coração de Jesus teve início a celebração do Ano Sacerdotal. Desde há um tempo
para cá que este é o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes.
Eis, pois, a razão para o início do Ano Sacerdotal ser neste dia. A razão deste
ano tem que ver com uma circunstância providencial. É que, em 2009, ocorre o
150º aniversário da morte de S. João Maria Vianney, o Santo Cura D’Ars.
Trata-se de um modelo de padre que se santificou no seu trabalho e na sua
missão, ultrapassando toda a sorte de dificuldades que se atravessaram no seu
caminho.
O Ano Sacerdotal
O Ano Sacerdotal é um ano de toda a Igreja, de todos os seus
membros, porque todos fazem parte de um povo sacerdotal, participando, na
medida que lhes cabe, no único sacerdócio de Cristo; e porque o sacerdócio
ministerial é exercido, em nome e na pessoa de Cristo, em favor de todos, ao
serviço de todos. Por conseguinte, este é um tempo para os sacerdotes
revigorarmos a nossa identidade e consolidarmos o nosso serviço no meio do
Povo.
O Cura d’Ars
Mas quem foi o Santo Cura d’Ars, que neste Ano Sacerdotal o
Santo Padre proclamará Padroeiro de todos os sacerdotes? Henri Gheon, poeta e
dramaturgo francês, que morreu 50 anos depois de S. João Maria Vianney declarou
o seguinte: A vida do Cura d’Ars é tão singela e cheia de ingenuidade que podia
contar-se como uma história da Carochinha, começando assim: Era uma vez na
França, na província de Lião. Ali vivia um pequeno camponês cristão que, desde
menino amava a solidão e o bom Deus. E, sendo que os senhores de Paris tinham
feito a Revolução, impedindo o povo de rezar, sucedeu que o menino e seus pais
iam à Missa que era celebrada no cantinho de um celeiro. Naquele tempo os
padres escondiam-se, porque quando eram presos cortavam-lhes a cabeça. Foi por
isso que João Maria quis tornar-se sacerdote. Na verdade, ele sabia rezar mas
não tinha instrução alguma. Guardava as ovelhas e trabalhava nos campos, mas
entrou tarde demais no Seminário e fracassou em todos os exames. Mas as
vocações eram tão escassas que o ordenaram sacerdote. Foi nomeado pároco de Ars
e lá ficou até à morte: Era o último cura (pároco) de França no último lugarejo
de França. Mas foi totalmente Sacerdote, e isso já não era tão frequente. Foi
Cura tão totalmente que o último lugarejo de França teve o primeiro Cura de
França, e a França toda viajou para o ver. Convertia quem se ajoelhava a seus
pés e se não tivesse morrido, teria convertido a França inteira e até mais! Enquanto
viveu nunca compreendeu por que o consideravam assim. E isto só prova que ele
mereceu o reconhecimento que lhe concederam. Tudo isto sucedeu no século XIX,
que no Paraíso a onde se conhece o justo valor das pessoas, é chamado o Século
do Cura de Ars, mas a França não soube nem imaginou isso.
Ser padre é dar a vida
Os episódios aqui referidos são reais. O pequeno camponês tinha
apenas sete anos quando na França reinava o rei Terror e os sacerdotes eram
condenados ao exílio ou à morte, se não se submetessem ao cisma. As tropas da
Convenção marchando sobre Lião para reprimir aquela insurreição, passaram pelo
lugarejo de Dardilly onde João Maria vivia. A igreja paroquial foi fechada, o
pároco cedeu e aceitou todos os juramentos da Revolução e pouco tempo depois
abandonou a batina. Os Vianney passaram de vez em quando a arriscar a vida
dando abrigo a padres clandestinos; e é assim que num quarto com janelas
tapadas e escondidas por uma carreta de feno aí deixada como por acaso (e com
os camponeses fazendo guarda) João Maria pôde receber a Primeira Comunhão aos
treze anos. A vocação sacerdotal nasceu-lhe muito cedo, quando ele percebeu que
tornar‑se padre significava estar preparado para dar a vida a
fim de cumprir o próprio ministério.
Um ano sacerdotal para quê?
A solicitude pastoral do Papa Bento XVI concede à Igreja um
Ano Sacerdotal. E para quê, perguntarão alguns? Para melhor contemplarmos e
agradecermos o dom do sacerdócio. Para rezarmos e pedirmos mais sacerdotes;
mais e mais santos, mais fiéis e perseverantes, e segundo a solicitude do Seu
coração. Para procurarmos desvelar a riqueza e beleza da consagração do
sacerdote que a si mesmo todo se oferece aos outros (e não apenas os cristãos).
Para com eles trilharmos os caminhos da santidade, a finalidade da nossa vida,
porque, se uma comunidade ficar sem padre em pouco tempo ali se adorarão os
animais. Disse-o o Cura de Ars.
[Chama do Carmo - 21 de Junho de 2009]
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