...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

cagareucarmelita.blogspot.com

Recebi um SOS. Era dum blog bébé. Pediam-me uma interpelação sobre o Advento. Que não cansasse. Que interpelasse. Não sei se consegui; foi este:

Eu empanturro-me, tu empanturras-te. Para quê acordar?
Caro amigo, conta comigo para agitar águas, desconcertar consciências, buscar caminhos, construir pontes, erguer o olhar. Pedes-me um texto (curto) sobre o Advento e a perspectiva da nossa Igreja. Aí vai. Premissa: o tempo foge e acaba; a coroa do tempo não é o fim mas a plenitude, sem a qual não faria sentido viver acordado.
Ora, então. Para que servirá o Advento se não para (re)partir em caminhada de forma ágil e desperta? O tempo eclesial de Advento — pouco mais de três semanas — tem função de arauto e de alerta: o tempo chega ao fim, acorda antes que chegue! E como só um é Senhor, é Ele o Último porque foi também o Primeiro. Logo, desperta!, diz a Igreja fundada na Palavra, para ires sem medo ao Seu encontro.
Mas: porque são tão poucos os que ouvem o arauto? Porque são tão poucos os que se fazem ao caminho? A resposta é simples: porque a maioria cabeceia ou está embriagada. São palavras de Jesus: «Tende cuidado convosco: que os vossos corações não se tornem pesados por causa da vida libertina, da embriaguez e das preocupações da vida.»
Está a chegar o Menino do Natal. A quem poderia meter medo um menino? Pois, a ninguém. Mas a maioria não saberá recebê-lo. Porque somarão vinho ao vinho, whisky ao whisky e comeres aos comeres. Porque somarão dias aos dias como se não houvera amanhã, nem valesse a pena viver uma vida que não fosse para ser-se livre e fazer-se o que se quer. Porque se afogarão em preocupações ainda que justas e outras que visam o mais e maior: mais ganhos para acrescentar mais ao maior penacho que já se tem.
Celebrar e festejar também são verbos cristãos. Mas, ai de nós, quando o coração se torna pesado, opresso e angustiado porque as preocupações são uma teia tal que não vemos a aurora despontar no horizonte.
É Advento. Quem se propõe caminhar ao encontro definitivo com o Senhor deve ir ligeiro, sem pesos desnecessários que só amargam a vida e peiam a caminhada.
O Senhor vem. Encontrar-me-ei com Ele. Como O encararei: desentendido do mundo porque entorpecido e preocupado comigo, ou pastoreando o mundo levando-o ao encontro definitivo com o seu Senhor?