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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Bênção de ano novo


O Senhor te abençoe e te proteja.
O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável.
O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz.

Mais que um trinta e um


Hoje é um bom dia para parar. Para pensar.
Para fazer balanço. E para ganhar.
O que fizemos? O por fazer? O que passou?
Onde estão os nossos propósitos de sementeiras e de colheitas?
Hoje é um dia bom para pedir perdão pelo que não fizemos,
pelo amor que faltou. Pela ousadia que ficou no bolso ou no cofre.
Hoje é um dia belo para dar graças!
Oh quantas graças no caminhar dos peregrinos.

Vamos lá


O tempo é curto, mas suficiente para dizer que amamos. A Deus.
Eis que finda um ano. Eis que arranca um novo.
Que não seja apenas de rolhas de champanhe.
Que não seja apenas sono e caminhar de sonâmbulos.
Mas um de mãos vazias em peregrinação contínua.
Porque passado este não teremos outro tempo.
Vamos lá. Este ano é apenas mais uma etapa.

No dia da Sagrada Família




Os que falam contra a família não sabem o que fazem,
Porque não sabem o que desfazem.
(Chesterton)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Spes salvi

A Última encíclica «Salvos na esperança».

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Revista de imprensa


Não li, ouvi.
Ouvi esta manhã a revista de imprensa.
Ouvi, não interpretei.
Segundo a interpretação o Menino foi trocado pelo Pai Natal,
a ternura e a generosidade pelo consumo.
Ah!, era de consumo que falavam.
Ouvi que alguns pobres não sei donde
foram ao lixo buscar de comer e encontraram prendas.
Era prendas abandonadas, despejadas, recusadas.
Sorte deles. De comer encontraram de certeza.
E prendas também. Eram do Menino Jesus.
Ou seriam do pai Natal. Talvez dos dois. Não interessa.
O que interessa é que também os deserdados do consumo receberam,
algures, as suas prendas de Natal!

Santo Estevão da porta fechada

No dia a seguir ao Natal
passei à porta da tua igreja.
Era dia de S. Estevão
e a porta dormia cansada.

Visitei o Santo em vão
por causa da porta verde fechada.
E eu que ali fora para ver
O Santo da minha devoção.

À porta uma fogueira jazia,
falei com ela e me disse
o Menino dorme; elevei a prece:
Senhor, fazei que eu veja!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Para a acta

São 10 da manhã. É o dia a seguir ao Natal.
Descendo percorri mais de meia avenida a pé.
Dum lado e do outro, não contando pastelarias e cafés está tudo fechado.
Tudo fechado, não. Uma loja de roupas acabava de abrir.
Alguém que subia comentou que era a primeira que abria.
Todas as lojas de chineses e indianos estavam abertas,
os empregados corriam, os patrões encomendavam ao telemóvel,
e as clientes perguntando preços discutiam virtualidades.
Desconfio que de tão abertas aquelas lojas nem no Natal fecharam.
O país está em crise.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Prenda para o Anjo Mor


Puto complicado (e ainda bem!)


O Menino está dormindo


O Menino está dormindo
Nas palhinhas deitadinho.
Os anjos estão cantando,
Por amor tão pobrezinho.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Jesus veio


Era uma noite de Natal. Um Anjo desceu à casa duma família rica e disse à dona da casa:
— Trago-te uma boa notícia: Esta noite o Senhor Jesus virá visitar a tua casa.
A senhora ficou entusiasmada. Nunca julgara possível que a sua casa viesse a ser tão honrada. Tratou de melhorar a excelente ceia que programara, pois receberia Jesus. Veio tudo do bom e do melhor.

De repente soou a campainha. Era uma mulher mal vestida, de rosto sofredor, de ventre inchado e mal apresentado. Via-se que estava grávida e prestes a dar à luz.
Perguntou:
— A senhora tem algum trabalho para me dar? Estou grávida e tenho necessidade de trabalhar.
A senhora respondeu:
— Mas esta será uma boa hora para incomodar as pessoas de bem? Venha noutra altura. Hoje não! Vou receber uma visita muito importante. Não vê que estou ocupada com a ceia?

Pouco depois, um homem de fato-macaco cheio de óleo, bateu à porta. Disse respeitosamente:
— Minha senhora, o meu camião avariou aqui mesmo à porta da sua casa. Não terá por aí uma caixa de ferramentas para me emprestar?
A senhora estava a limpar as pratas e os copos de cristal e os pratos de porcelana, por isso aquela interrupção irritou-a muitíssimo. Não iria ter a casa como queria. Por isso respondeu:
— E o senhor pensa que isto é a garagem do mecânico? E isso são modos de falar? Saia já de minha casa que o senhor está todo sujo e com umas botas imundas!

E a anfitriã continuou a preparar a ceia: abriu latas de caviar, pôs o champanhe a arrefecer, foi buscar os melhores vinhos, preparou os aperitivos.
Naquele instante alguém bateu palmas lá fora. Será, pensou, será que é Jesus agora? E emocionada e de coração acelerado foi abrir a porta. Mas não era Jesus. Era um menino maltrapilho. Era um desses sem eira nem beira, que se via logo que dormia numa caixa de cartão à entrada dum qualquer prédio. Disse-lhe o menino:
— Senhora, hoje ainda não comi. Dê-me um prato de sopa, por favor.
Ela respondeu (pensando nos seus belos pratos):
— Mas como te vou dar de comer, se nós ainda não comemos? Ó horror! Volta amanhã, porque esta noite é impossível!

Por fim a ceia ficou pronta. Os meninos os avós, toda a família estava solenemente emocionada. Com que ansiedade esperava a ilustre visita que tanto os honrava! As horas foram passando e Jesus não vinha. Foram resistindo, mas Jesus não vinha. As horas passavam. O apetite apertava. Foram provando os aperitivos. Mas Jesus demorava e eles não faziam efeito no estômago. Por o sono, a espera e o cansaço fê-los esquecer as iguarias prontas na cozinha.
Adormeceram.

Na manhã seguinte, para grande espanto seu, a senhora ao acordar viu o Anjo.
— Mas será possível! Será possível?, gritou enfurecida e raivosa. Será possível um Anjo mentir? Eu preparei tudo com esmero e carinho. Esperamos toda a noite e Jesus não veio! Fomos humilhados! Porque é que Você me enganou?
Respondeu-lhe o Anjo:
— Eu não menti, senhora. Você é que não teve olhos para ver. Jesus esteve três vezes na sua casa. Veio na pessoa da mulher grávida, do camionista sujo e do menino faminto. Porque não foi você capaz de O reconhecer e de O receber?

Oração


Ao chegar o teu Natal, Jesus, também eu quero pôr uma prendinha no teu sapatinho. Assim:
Ofereço-Te, Senhor,
os meus pensamentos,
ajuda-me a pensar em Ti.

Ofereço-Te, Senhor,
as minhas palavras,
ajuda-me a falar de Ti.

Ofereço-Te, Senhor,
as minhas obras,
ajuda-me a cumprir a Tua vontade.

Ofereço-Te, Senhor,
as minhas penas,
ajuda-me a sofrer conTigo.

Tudo aquilo que Tu quiseres, Senhor,
eu o quero,
precisamente porque Tu o queres
e durante o tempo
que Tu quiseres.

Barrete vermelho

A confessar também se aprende. O confessionário é uma fonte de sabedoria. Não sei como terá sido noutros tempos. Sei que nestes, embora de menor afluência, os bancos do confessionário são os bancos duma grande escola. E o professor está frequentemente de joelhos.
No Sábado, ficamos em amena cavaqueira depois do rito. Alguém se dizia sufocado pelo inchado que está o Natal. Bem, dizia, já nem parece que seja Natal. O centro desapareceu. Parece que se desviou o significado. Agora já não conta quem esteve nas palhinhas. Mais parece a festa do Barrete Vermelho, disse-lhe. E ele, que buscava o melhor título para esta festa pagã, concordou. Embora haja outros.

Não nos roubarão o Natal

Hoje como ontem. Hoje talvez com mais sagacidade, ontem pela espada. Ao longo da história não faltou quem nos quisesse roubar o Natal.
Hoje a insinuação comercial tornou tudo reluzente, brilhante e cheio de estrelas. Levemente, discretamente impõem tanta luz que ofusca a Luz nascida num buraco negro duma gruta.
Ontem, Herodes e outros muitos quiseram matar o Natal.
Não o conseguiram, não o conseguem, não o conseguirão.
A todos os que me desejaram também eu lhes desejo um Feliz Natal. E aos outros também.
A todos um feliz Natal, aos santos e aos violentos, aos mansos e aos insensíveis, aos corações duros e às cabeças cheias de números e cifrões.
Apesar do frio e da dureza o Menino continuará a nascer. Muitos meninos continuarão a nascer. A esperança não morrerá sem mais.
Não nos roubarão o Natal, nem os faraós nem os reis, nem os césares nem os ímpios, nem o esquecimento nem o desinteresse, nem as luzes nem as sombras, nem os medos nem as falsas alegrias.
Não nos roubarão o Natal, porque não nos roubarão a esperança enquanto tivermos esperança e memória de meninos.

Poema de Natal sem árvore nem renas


(A partir dum poema de Walt Whitman)

Não deixes terminar o Natal
sem cresceres um pouco com Quem por tanto ter descido,
é chamado O Louco.

Não deixes o desejo de fazer algo belo
e extraordinário. Também na noite santa as estrelas
viram a Verdade muito ao contrário.

Não deixes vencer o cansaço
sem teres sido feliz, sem levedar os sonhos.
Nasce o Messias, foi isso que Ele quis.

Não deixes de sonhar, mesmo acordado.
Nesse reino há hinos à liberdade. Celebra e canta,
porque nem as palhas cederam à mediocridade.

Não deixes que te leve pela mão
o que faz a vida um inferno. Ama os trigais,
porque depois das flores vem o Inverno.

Não deixes que te roubem o falar, quando é um dever.
A Palavra pregou e foi calada.
É assim que A deves imitar.

No Natal semeia as letras da esperança.
Não deixes que os ventos
só soprem violentos. Falta escrever a tua estrofe!

Globo


— Profeta que vês na noite?
— Vejo o Globo, uma luz ténue que as correntes não amarram.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

GRIPE DAS AVES


sábado, 1 de dezembro de 2007

Acabo de acabar

Acabo de acabar uma vigília de oração jovem. Era para chamar o Advento.
Começámo-la mirando o sacrário e o Mundo ao lado. Um Mundo acorrentado.
Nem de propósito...

Levei três linhas da nova encíclica, para ler o que nos diz o Papa:
«Primeiro e essencial lugar de aprendizagem da esperança é a oração»
Deus está para nós quando todos estão contra nós,
ou indiferentes de nós ou deslembrados de nós ou cansados de nós,
ou...

Deus está sempre disponível.
E nós — quantas vezes! — tão cansados, moídos, distraídos dEle.

Na Vigília calamos, procuramos calar.
E reconhecer que frequentemente somos vinagre, somente vinagre;
e escuridão e indisponibilidade para acolher o mel da sua ternura,
a doçura da sua bondade.
Vem, Senhor, Jesus.